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A inédita parceria do Panorama Internacional Coisa de Cinema com o Animage foi o destaque da programação do último dia da 8ª edição do festival. Seis animações de diferentes países, incluindo Estônia e Coreia do Sul, foram apresentadas para um público ávido em conhecer melhor o universo do cinema de animação. A sessão foi acompanhada pela curadora do Animage, Nara Normande, que apresentou os filmes falando um pouco das técnicas usadas.

Nara respondeu a perguntas sobre o festival realizado anualmente em Recife e Olinda, informando que é responsável pela curadoria desde a segunda edição. Na quarta edição, o Animage teve filmes de 49 países entre os inscritos e busca valorizar o cinema independente, com maior liberdade de linguagem e técnica. “Também consideramos uma diversificação de técnicas para a curadoria”, complementa.

Durante o bate-papo, Marília Hughes, coordenadora do Panorama, destacou que este ano pela primeira vez uma animação esteve na competitiva nacional. O público ficou especialmente curioso com o último curto exibido na sessão Animage: Le grand ailleurs et le petit ici. O interesse vem do uso da técnica de animação com alfinetes, dando a impressão de um desenho com textura especial.

O dia foi marcado também pela reexibição de “Da Maré”, documentário da norte-americana Annie Eastman filmado nas palafitas de Massaranduba. A sessão foi novamente acompanhada pelo produtor Gustavo Gelmini e moradores da comunidade retratados no filme. Nos comentários, elogios, agradecimentos e o desejo que o filme circule não só em festivais, mas em escolas e no circuito comercial, além de ser exibido para os governantes da Bahia e Salvador.

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Filmes que emocionaram o público, fazendo-o mergulhar nos sentimentos mostrados na tela marcaram o sexto dia do VIII Panorama Internacional Coisa de Cinema. Tudo começou com a exibição de “Da Maré”, de Annie Eastman, documentário que mostra a vida em palafitas no bairro de Massaranduba. Com forte presença da comunidade, que reagia animada a cada novo personagem e situação, o filme foi exibido pela primeira vez em Salvador.

Aplaudido de pé, o filme rendeu um extenso debate com a presença do produtor Gustavo Gelmini e de moradores retratados no documentário: Genilza Ferreira (Geni), Honorato Moraes Trindade (Norato), Maria de Jesus Souza (Jesus) e Maria da Paixão Santos Marques (dona Maria). A diretora Annie, que mora nos EUA, não pôde comparecer por estar grávida e com contra-indicação de viajar.

Gustavo contou que Annie virou cineasta para contar a história daquele lugar, que conheceu anos antes durante voluntariado em ONG local. “Foi uma descoberta tanto para mim quanto para ela, eu também era gringo em relação a esta realidade”, confessou. Questionados sobre a sensação de se ver na tela, os moradores ficaram entre o estranhamento com a própria imagem e a realização de poder contar suas histórias de vida.

Narrador e responsável pelas entrevistas com os moradores mostrados, Norato disse que recebeu muitas dicas de Gustavo para assumir este papel de fio condutor da narrativa. Como Annie era muito próxima de todos, Geni disse que era possível esquecer que ela estava filmando, ficando 100% à vontade na situação. A comunidade vê o filme como instrumento de luta para eliminar de vez a vida nas palafitas, que ainda abriga cerca de 100 famílias nas várias áreas de Alagados.

A emoção também transbordou da tela na Competitiva Nacional VII que reuniu “Ausência” (Jardel Tambani), “Odete” (Ivo Lopes Araújo, Luiz Pretti e Clarissa Campolina) e “O que se move” (Caetano Gotardo). Diretor do filme com título que traduzia a tônica da sessão, Jardel é personagem da sua produção, que gira em torno da perda do seu pai. “Lembrava de pouca coisa dele, com o filme construí uma pessoa que até então não estava clara”, declarou.

Confrontado por Cláudio Marques com a semelhança estrutural das três histórias contadas em seu filme com as tragédias gregas, Caetano disse que não foi um processo consciente, mas reconhece essa ligação. “É uma resposta à minha reação ao ler essas notícias”, disse sobre a produção, baseada em três reportagens distintas sobre diferentes forma de perdas de um filho. Para ele, tudo nasce do interesse em pensar o entorno dessas tragédias, pensar o que as pessoas são para além dela.

Dessacralizando a relação mão e filha, Ivo revelou que a ideia não nasceu já formatada dessa forma, mas com a intenção de falar de uma ambigüidade de relação. “Me interessa muito o lado sombrio dos desencontros”, concluiu.

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